Não é incomum ver jogos que são decididos nos detalhes: a defesa de uma bola que iria no ângulo, um chute que parou na trave, um pênalti que não foi marcado, um atacante inspirado fazendo o gol da vitória ou, até mesmo, um defensor azarado marcando o gol contra... Enfim, são inúmeros os exemplos de pequenos detalhes que fazem muita diferença em um resultado final. Se for pensar bem, o detalhe, muitas das vezes, é muito cruel: pois dele pode se definir o sucesso ou o fracasso de um projeto esportivo. Um título ou um rebaixamento.
Proponho, porém, que pensemos os detalhes de uma forma mais ampla. Será que o futsal paranaense está atento a todos os detalhes que podem significar o seu sucesso ou o seu fracasso? Será que a Federação, os clubes, os atletas, a imprensa e, até mesmo, os torcedores estão fazendo sua parte neste sistema? Será que estamos mesmo fazendo o futsal paranaense cada vez melhor? Ou será que estamos nos limitando apenas à criticar o vizinho, enquanto o esporte vai enfraquecendo e os patrocinadores vão embora?
O item patrocinadores, inclusive, merece uma análise aprofundada. Neste ano, tivemos três desistências de equipes tradicionais da Chave Ouro: Foz Futsal, Pato Futsal e Quedas do Iguaçu, todas perderam apoiadores e não conseguiram seguir com seus projetos. O Quedas chegou a contratar todo o elenco, mas quando ficou sabendo que não teria apoio do antigo patrocinador, teve que dispensar os jogadores. E o que dizer do Foz? Não bastasse o abandono no estadual, também desistiu do Torneio dos Campeões, estremecendo uma competição que tinha tudo para dar certo, mas que também pecou muito nos detalhes.
O que se viu no torneio em Umuarama, aliás, foi uma aula de desatenção, por parte de seus organizadores: as reclamações foram inúmeras, desde problemas com hospedagem até a arbitragem dos jogos. A desistência do Foz, em cima da hora, acabou sendo apenas mais um dos detalhes que passaram despercebidos. O resultado foi um torneio com pouco apelo (o ginásio esteve vazio na maioria dos jogos) e com uma premiação que não empolgou as equipes. Neste contexto, o que mais se ouviu nos últimos dias foram críticas de todos os lados à organização da competição. Resumindo: ficou feio para a FPFS.
Se as falhas da Federação são quase um consenso entre as pessoas que acompanham o futsal paranaense, não podemos eximir os clubes de seus erros. Hoje são pouquíssimas as equipes que atentam para todos os detalhes que estão envolvidos na manutenção de uma equipe. Não digo apenas do time que vai em quadra, mas em toda a estrutura que acompanha uma equipe de futsal: desde o presidente até o rodoby, todos precisam dar o melhor de si, ou a engrenagem não funciona e o resultado negativo, mais cedo ou mais tarde, acaba aparecendo.
Um exemplo simples ilustra bem o que estou tentando dizer: são poucas as equipes que possuem uma assessoria de imprensa atuante, com profissionais realmente preparados para a função. Quando isso acontece (ou deixa de acontecer), não há como reclamar da falta de visibilidade e da eventual falta de patrocínio, já que o 'produto futsal' não está sendo divulgado adequadamente.
A imprensa, na qual me incluo, também tem sua cota de culpa. Na era da internet, a falta de tempo vira desculpa para textos sem revisão, para não checar fontes ou para utilizar o famoso 'copia e cola', muitas vezes sem os devidos créditos aos autores. Melhorar a qualidade da cobertura do estadual é importante para dar maior credibilidade e atrair novos olhares ao esporte.
Sei que muitos poderão ficar chateados com o que exponho neste texto. Afinal de contas, tocar na ferida sempre é doloroso. Mas é preciso uma nova visão, um exame de consciência particular. Penso que dá, sim, para melhorar em muitas coisas. Se cada um pensar no que é possível evoluir, todos sairão ganhando. Pequenas atitudes podem representar grandes mudanças a longo prazo... Não custa tentar.
Resumindo, é preciso que todos os envolvidos façam sua parte e, que principalmente, façam bem feito. Não existe receita mágica. Nada acontece do dia para noite. Trata-se de um processo lento, que depende de empenho, de uma nova atitude de todos.
Vale lembrar uma frase de um esportistas de maior sucesso da história: Ayrton Senna, que pode ser inspiradora não só no esporte, mas para todos os aspectos da vida: “No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz.”
(Clique Esporte)